No Caminito em La Boca
A noite anterior foi muito divertida como eu disse. Dormi feito uma pedra. Eu tenho andado tanto todo dia que capoto quando deito e só volto a si no dia seguinte. todas as dificuldades que tinha pra dormir se acabaram. Por volta das 9h30 levantei e tomei o café da manha como sempre muito regado. A programação de hoje incluía várias paixões argentinas: tango, futebol e Eva Perón.
Logo cedo, ou seja, antes das 11h saímos todos os seis eu, Raphael, Carolina, Alexandre, Angelique e Amy. Pegamos o 64 para irmos até La Boca, um bairro famoso de Bs As pela pobreza e pelo tango, pelas cores das casas e por ser lar do time mais popular daqui o Boca Juniors.
La Boca é uma zona turística, porém, perigosa. Você só deve andar por duas ou três ruas, senão o risco de assalto ou agressão é enorme. O lugar é muito pobre mesmo. As cores são características do lugar. Lá era o porto de Bs As e os primeiros imigrantes italianos desceram por ali e por serem quase miseráveis o único jeito de montar as casas era com os restos de contêineres e de navios dando o aspecto de cubo às construções. E para pintar usavam as sobras de tintas descartadas, o que deixa a mesma casa com cada lado de uma cor diferente, as janelas de outra e a porta com outra ainda.
dentro da Bombonera
Não há um só canto de La Boca, pelo menos no Caminito, onde dê pra ficar um minuto sem ouvir tango. Desde os bares pros turistas até os “dançarinos” que ficam zanzando atrás de todo mundo com os trajes tradicionais oferecendo sacar una foto. Até sósia de Maradona com a maior cara de pilantra fica lá se oferecendo.
As casa coloridas ficam no meio dessa confusão de turistas banderosos com câmeras enormes penduradas, bancas de quadros e lembranças, lojas de souvenir e crianças com cara de desnutridas te olhando com cobiça, mas sem importunar. É bonito na verdade, mas 10 minutos são suficientes. Até porque os souvenires são muito mais caros, até a água em garrafa é supervalorizada. só pra ter uma idéia ontem comprei 2,25 lt por 4 pesos, e hoje 500ml saíram por 5.
No meio do Caminito sentamos pra descansar e Alexandre sacou o pandeiro, Amy soltou a voz e colocamos a case do pandeiro no chao como se estivéssemos ali por uns trocados, foi bem legal e tem foto no álbum.
Depois do Tango, menos de 5 minutos na reta do Caminito chegamos a La Bombonera, sede do boca, com direito a museu, visita guiada e loja de produtos licenciados, que pra variar custam os olhos da cara. A essa altura angelique e Amy já tinham voltado para o hostel, e nós que ficamos entramos pra ver o que move toda a paixão do argentino pelo futebol. E os caras são fanáticos mesmo.
detalhe no túmulo de Evita Perón no cemitério de La Recoleta
O museu estava bem movimentado, assim como a loja, e resolvemos fazer um tour guiado pelo estádio. Fomos em todos os setores desde o VIP até a geral onde ficam os torcedores da organizada. Passamos pela sala de imprensa com direito a foto fingindo que tava dando entrevista e até ao vestiário. Lá temo o armário de cada jogador, e eu deixei um recado pro Riquelme num papel, pedindo pra que ele pegue leve se encontrar com o Flamengo na Libertadores. Pena que o Mengão não tem uma iniciativa dessas, La Bombonera estava fervilhando de turistas.
Depois da visita, o lance era ir até a Recoleta e conhecer o cemitério. Pegamos um ônibus que deixava longe pra caramba e andamos muito. E como nada é por acaso, encontramos o Loco por El Fútbol, bar temático famoso onde os argentinos se reúnem para beber e assistir ao partidos de su equipos. E mós queríamos descobri-lo para assistir ao jogo do Boca nesta quarta.
Entramos nos cemitério que é impressionante com a quantidade de túmulos pomposos e de gatos circulando. Parece até que são os defuntos que tomam outra forma pra tomar conta dos mausoléus. O lugar é incrível, mas me decepcionei um pouco com o tão falado Túmulo de Evita. Era bem menor e mais simples que eu esperava. Muitos outros menos famosos e importantes que o dela são bem mais bonitos.
movimentação do lado de fora do "Locos por el futbol" depois da ameaça de bomba!
Caminhamos mais um pouco e chegamos ao shopping Patio Bullrich, onde tem transporte grátis pros turistas estrangeiros de volta pros hotéis. Só pra não dizer que abusamos do serviço tomamos umas taças de Freddo, o sorvete mais famoso da Argentina, e mais gostoso também. eu provei o de doce de leite clássico, meta com chocolate e maracujá. todos incríveis, mas o de doce de leite não existem palavras que possam definir a sensação de degustá-lo. é uma pena que não tem no Brasil.
Chegamos em casa só com o tempo de tomar banho e trocarmos de roupa pois fizemos reservas no locos por el futbol e não podíamos chegar atrasados. Pegamos um táxi na porta do hostel e o motorista tinha cara de pilantra, e acho que era mesmo, pois o valor da corrida foi o dobro que as outras de trajeto parecido que fizemos desde então.
Entramos e ansiosamente esperamos o início da partida. Ver um jogo do Boca cercado de torcedores fanáticos parecia divertido, e estava, com todo o chopp e pizza na mesa, mas no intervalo o gerente veio falar conosco que deveríamos encerrar nossa conta e eu não entendi nada, cheguei a achar que a reserva só valia pra uma parte do jogo. Mas ele disse que eram ordens da polícia pois no centro gastronômico onde fica o bar havia uma ameaça de bomba! isso mesmo, uma suposta bomba no prédio botou todos na rua clientes e funcionários de bares, restaurantes e cinemas. Acho que foi só um trote, mas valeu para marcar a noite com mais um acontecimento inédito!
O viajante possível 